Galerias e grafites consolidam região do Porto como polo de arte
ArtRio, feira com obras contemporâneas no Píer Mauá, e ArtRua, que reuniu grafiteiros na Gamboa, provam que atenções dos artistas estão voltadas para a região revitalizada do Centro
O processo de revitalização da região portuária do Rio ganhou força e incremento artístico. A ArtRio e o ArtRua acabam de entrar para o calendário de eventos da cidade levando cores e um público novo para circular por locais como Praça Mauá, Gamboa e Santo Cristo.
A primeira edição da Feira Internacional de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro (ArtRio) reuniu em dois grandes armazéns do Porto apreciadores de arte, colecionadores e marchands de 83 galerias, sendo 50% delas estrangeiras.
Uma das idealizadoras do ArtRio, a artista plástica Brenda Valansi Osório afirma que o fato de o evento acontecer a poucos metros de onde são construídos o Museu de Arte do Rio e, mais adiante, o Museu do Amanhã, não é um acaso.
– O objetivo da feira é que ela seja anual, e começamos a primeira edição já confirmando a segunda, inclusive com a possibilidade de crescer para mais um armazém. Já temos a confirmação de várias outras galerias. E nós estamos fixos aqui, ancoramos no Porto, justamente para poder fazer parte de toda a revitalização – comemora Brenda.
E, antes mesmo de ficar pronto, o Museu de Arte do Rio já se beneficia da efervescência artística do local. No primeiro dia da ArtRio, o MAR recebeu a doação de quatro obras de arte para o seu acervo. O galerista Max Perlingeiro doou um Guignard retratando Santa Teresa; o empresário e colecionador Alexandre Accioly doou um São Sebastião pintado por Volpi, e o prefeito Eduardo Paes doou um quadro de Tarsila do Amaral retratando o Pão de Açúcar e um banco de madeira também pintado por Guignard.

Galerias montadas em armazém do Píer Mauá atraiu milhares de visitantes à ArtRio, feira com 700 obras
A menos de um quilômetro dali, um galpão da Rua Pedro Ernesto, que esteve fechado nos últimos sete anos, abrigou a exposição paralela e popular ArtRua, formada por representantes da street art e os mais consagrados grafiteiros do país. O galpão é só parte da exposição, que transbordou para os muros e paredes dos sobrados da Gamboa – também contribuindo para dar uma cara nova ao bairro.
– Acho que o ArtRua, a exemplo do que aconteceu nos Estados Unidos e na Europa, pode contribuir para a revitalização da Gamboa, que era um bairro tradicional meio esquecido. O grafite vem não só revitalizar através da arte urbana, mas também para trazer cultura, beleza e fazer com que os olhos se voltem para o Porto. Acho que a revitalização do Porto é certa, mas nós queremos saber até que ponto podemos fazer da Gamboa um bairro-arte – sugere Pedro Villela, um dos organizadores do ArtRua.

Pelas ruas da Gamboa, grafiteiros e representantes da street art mostraram seus trabalhos
O fotógrafo e artista plástico João Bosco, responsável por retratar trabalho de artistas da Geração 80, foi um dos que esteve presente nos dois eventos e saudou os novos ares do píer.
– Essa é efetivação de um pensamento que corre dentro da cidade do Rio de Janeiro há al guns anos, a necessidade de se recuperar uma área histórica da cidade que veio sendo degradada por décadas. Muita gente que mora na Zona Sul ou mesmo na Zona Norte do Rio desconhece a importância dessa área para a história da cidade – detalhou Bosco, destacando ainda a relevância arquitetônica da região portuária.
Fonte: cidadeolimpica.com