Festival de cinema no Rio: transformando os armazéns do 'Cais do Porto' em espaço cultural
Evento que reúne a nata das produções da sétima arte muda de endereço, mas continua apostando na revitalização da região do Porto Maravilha. Principal mostra competitiva terá filmes exibidos a preços populares no local.
Durante 12 dias de outubro, os olhos do cinema e dos cariocas vão estar voltados para o Porto do Rio, onde acontece a 13ª edição do Festival do Rio. Com mais de 350 títulos vindos de 60 países, o maior festival do gênero no país colocará 40 salas à disposição do público em diversas regiões da cidade.
– O Festival do Rio hoje é um evento que faz parte dos grandes festivais do circuito mundial: é irmão dos de Cannes, Veneza, Berlim, Toronto. São festivais que trazem a indústria, os executivos, quem produz, quem coproduz. Por isso, ele tem importância maior do que um evento só de exibição – explica Marcos Didonet, produtor de cinema e diretor do Festival do Rio.
Com 28 anos de história com a cidade – o evento surgiu da fusão de dois outros, a Mostra Estação e o Rio Cine Festival –, o Festival do Rio escolheu a Região Portuária para montar base nas suas últimas quatro edições.
– Por mais que o festival esteja espalhado por 35 a 40 salas, nós temos um lugar que aglutina o mercado. Nós temos aqui o Rio Market, que é justamente o local onde executivos, produtores, coprodutores e diretores todos se reúnem para discutir a obra produzida e qual virá em seguida – detalha o produtor.

Armazém preparado para sediar o Festival do Rio: área de convivência de fãs e quem trabalha na indústria
Armazém preparado para sediar o Festival do Rio: área de convivência de fãs e quem trabalha na indústria
Até 2007, sua sede ficava alojada numa tenda armada nas areias de Copacabana. Em 2008, as áreas de negócios do evento passaram a acontecer no galpão da Ação da Cidadania, na Rua Barão de Tefé. Neste ano, por causa das obras do Porto Maravilha no sítio arqueológico do
Cais do Valongo, o Festival do Rio foi obrigado a mudar de endereço. E escolheu permanecer na região, desta vez no Armazém 6.
– Essa foi uma decisão política e estratégica. Conversando com a Prefeitura e, dentro de uma intenção de desenvolver novas áreas culturais para o Rio de Janeiro, o Porto virou a opção. Isso aqui está em processo de construção ainda, mas nós, como teimosos, resolvemos vir antecipadamente – conta Didonet.
Dentro do Armazém 6 do Cais do Porto estão montadas, além da recepção do evento, dezenas de salas de reunião, um espaço para exposições sobre o cinema – com figurinos e objetos usados em filmes nacionais – e uma grande sala de exibição, onde o público poderá assistir todos os dias aos filmes da Première Brasil, a principal mostra do Festival, a preços populares.
– Eu acredito que isso aqui vai virar um espaço de visitação e de conhecimento cultural e turístico muito grande. Temos ainda dificuldades de acesso e estacionamento, obviamente, mas todo processo novo é assim. Na hora que você experimenta a perspectiva da vanguarda, você está saindo da zona de conforto – aposta o executivo.
Marcos vê com bons olhos o trabalho de revitalização que está sendo feito no Porto do Rio. E acredita que a união de diferentes espaços como casas culturais, hotéis, áreas de diversão e negócios poderá dar à Região Portuária características que não são vistas em nenhum outro lugar da cidade.
– Pelo fato de conhecer outras partes do Brasil e do mundo onde foi feito esse tipo de ação, eu acho que o Porto vai virar um grande concorrente de outras partes do Rio de Janeiro, senão o maior, porque ele está sendo feito de forma planejada. Acho que, daqui a alguns anos, muitos eventos vão querer vir para cá – conclui Didonet.
Fonte: Rio Cidade Olímpica / Porto Maravilha